A noite da última sexta-feira (21) ganhou um brilho diferente no Espaço Biguá, em Jandira. Ali, entre olhares emocionados e mãos que aprenderam a transformar fios em arte, as formandas do projeto “Entre Tranças e Origens” viveram um momento que ultrapassa a solenidade: celebraram pertencimento, memória e a certeza de que não caminharam sozinhas.
No centro desse afeto estava ela: a professora Daniella Rodrigues, a “mestra das tranças”, mulher que ensina como quem abraça e acolhe como quem reconhece o brilho que cada aluna ainda não sabe nomear. Durante quatro meses, Daniella fez mais do que ensinar técnicas. Fez nascer coragem. Fez renascer sonhos. E, em cada gesto, plantou a força ancestral que atravessa sua própria história.

A professora que ensina com as mãos e com o coração
Trancista há 12 anos, empreendedora, mulher que se refez na luta e na resistência, Daniella carrega nas mãos um ofício que é mais que estética: é identidade. Nos fios que entrelaça, guarda memórias de um povo que, mesmo sob opressão, encontrou na arte das tranças um código de sobrevivência, pertencimento e liberdade.
E é esse legado que ela passa adiante.

A noite das formandas
A formatura chegou para coroar um processo inteiro de renascimentos. O evento reuniu alunas, familiares, modelos e convidados em um clima de celebração. As formandas apresentaram, cada uma, uma técnica aprendida ao longo da formação: Nagô, Boxeadora, Gipsy Braids, Knotless, trança enraizada com jumbo e muito mais. Na passarela, filhos, netos, sobrinhos, vizinhos e amigos próximos se tornaram modelos — orgulhosos, emocionados, cúmplices.
Entre luzes de refletores e sorrisos largos, ficou evidente: aquelas mulheres não estavam apenas exibindo penteados. Estavam mostrando conquistas. Estavam dizendo ao mundo: “Eu consegui”.
Mas a formatura não seria ainda o encerramento. Um novo encontro estava marcado com cada uma das turmas, nos dias 24 e 25 de novembro, no mesmo espaço onde aprenderam e floresceram. Uma confraternização simples, com comes, bebes e trançados, mas carregada de simbolismo.

Os dias 24 e 25: encontros que fortalecem raízes
Esse reencontro foi fundamental para consolidar vínculos, despertar ainda mais o desejo de seguir adiante, revelar talentos e fortalecer identidades. No ambiente onde a professora Daniella reina com sabedoria e afeto, o aprendizado mais uma vez ultrapassou qualquer técnica.
Aquele espaço, tantas vezes território de escuta e cura, voltou a pulsar histórias. As alunas trançaram o cabelo umas das outras e compartilharam medos, conquistas e descobertas, percebendo juntas que cada trança carrega um sentido profundo. Sob a condução sensível de Daniella, vivenciaram dignidade, respeito, autoestima e amor-próprio. Foi ali, nesses encontros finais, que se reforçou a corrente feminina que sustentaria a emoção vivida na formatura.

Mais que aula: um processo de cura que continua
Ainda impactadas pela cerimônia, as alunas seguiram sentindo os efeitos desse aprendizado. No dia seguinte, uma delas trançou o cabelo da outra, criando um círculo silencioso de afeto, histórias, desabafos e amizade. Ali se solidificou aquilo que Daniella sempre acreditou:
trançar é criar vínculo; é unir; é transformar; é cuidar.
E é isso que o projeto deixa como legado: mais que diplomas, mais que técnicas, ele deixa raízes.

Sobre o curso
O projeto é fruto do Edital nº 02/2025/SMCT, com patrocínio do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura e apoio da Prefeitura de Jandira, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e do Conselho Municipal de Política Cultural.
O curso é totalmente gratuito, com aulas semanais de duas horas, turmas de apenas 8 participantes e idade mínima de 14 anos. As aulas acontecem no:
CRAS Figueirão – segundas-feiras, das 9h às 11h e das 14h às 16h
Espaço Cultural Biguá – terças-feiras, das 9h às 11h e das 16h às 18h

Trançar é memória viva
Para compreender a grandeza do que acontece ali, é preciso lembrar: as tranças são parte da ancestralidade africana, forma de comunicação, de proteção, de resistência. Foram mapas. Foram códigos. Foram sobrevivência.
Hoje, seguem sendo isso tudo e mais: arte, profissão, autonomia, empoderamento.
E, em Jandira, encontraram em Daniella Rodrigues uma guardiã dessa tradição.
Através de sua marca Conceito Black By Hair, a professora segue tecendo vidas.
Uma trança por vez.
Um sonho por vez.
Uma história que renasce em cada aluna que encontra o próprio brilho.

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