Há momentos em que o tempo parece suspenso, como se o céu se inclinasse sobre a Terra para testemunhar o florescer daquilo que é divino em nós. Assim foi o 3º Encontro Cultural Espírita, promovido pelas Uniões das Sociedades Espíritas (USEs) Intermunicipais do Eixo Metropolitano Oeste, Cotia e Osasco, com apoio da USE Regional do Estado de São Paulo.
O evento, realizado no domingo, 17 de agosto, no Centro de Eventos de Barueri, reuniu diversas casas espíritas da região em um dia inteiro de atividades culturais, espirituais e de integração social. Mais do que um encontro, foi um abraço coletivo, escrito por mãos visíveis e invisíveis, em que a arte, a música, a palavra e a ação se uniram em torno de um mesmo propósito: cuidar do planeta com consciência e amor.
O início: música, teatro e poesia que despertam
O encontro foi aberto pela suavidade da música de Nélida Tymus, ela preparou corações para receber a prece de abertura com Adilson Lofredo – vice-presidente da USE regional de São Paulo. A cena seguinte se desenhou com o teatro, que entrelaçou canções e reflexão, lembrando-nos de que a espiritualidade não se afasta da Terra, mas nela trabalha incansável para que aprendamos a amar nossa casa comum. O grupo Consolarte encerrou sua participação com o cordel de Raimunda Paixão, palavra rimada que reverberou como oração.
A fala que toca a consciência
Na sequência, a palestra de Roberta Cavalheira trouxe o tema: “Sustentabilidade, um passo na evolução do espírito”. Sua voz ressoou como alerta e convite:
“Egoísmo é a grande chaga da humanidade. É preciso se perguntar: o que é necessário para mim?”
Foi como se o Evangelho se abrisse diante de nós em nova página, lembrando que o cuidado com o planeta é, antes de tudo, exercício de desapego e de amor universal.
A música como cura e consolo
O Grupo Nova Vida encheu o espaço com melodias que falavam do “Ousado Amor de Deus”, confirmando que a música é uma forma de evangelho vivo, que alcança almas e cicatriza dores. Do mesmo modo, o grupo Revigorar trouxe paz em cada acorde, costurando harmonias entre o erudito, o gospel e o popular. E quando Ana Person tomou o microfone, sua voz se confundiu com o canto dos pássaros, como se a própria natureza tivesse sido convidada a participar.


A comunidade em ação
Do lado de fora, o encontro se traduzia em simplicidade: barracas de livros, artesanatos, alimentos preparados com cuidado e amor. Cada sorriso que acompanhava os pratos servidos era tempero invisível, pois tudo o que era arrecadado tinha destino certo: chegar ao irmão necessitado do caminho.
O olhar para as crianças e os jovens
Durante todo o dia, evangelizadores acompanharam as crianças em atividades Lúdicas e educativas. Houve visita ao Museu da Bíblia, oficinas de pintura, dança das cadeiras, contação de histórias e até a participação da cantora Ana Person, que envolveu os pequenos com músicas e coreografias animadas.
Um dos momentos mais marcantes foi a apresentação do grupo Arte na Lata, de Osasco, que transformou materiais recicláveis em instrumentos musicais. Com teatro, música e mensagens de sustentabilidade, o grupo mostrou às crianças a importância de cuidar do planeta. Reconhecido internacionalmente e premiado em 2024 com o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Arte para Crianças, o Arte na Lata reafirmou seu papel como agente de transformação cultural e ambiental.
Já os jovens tiveram seu espaço especial no EJEQUINHO, encontro conduzido por Tarsila, Luiza e Lucas, que transformaram em roda de conversa e jogo lúdico a reflexão sobre paz ambiental, distinção entre o necessário e o supérfluo, e o papel da juventude espírita na transformação do mundo.
O testemunho vivo da sustentabilidade
Um dos pontos altos foi a presença do colombiano Luiz Orlando Villarraga, que adotou o Brasil como lar e, mais do que falar sobre sustentabilidade, a prática com profundidade. À frente da Obra Social
Célio Lemos, em São José dos Campos, ele compartilhou o projeto Semear, que hoje transforma 3.700 m² de terra em horta agroecológica sem agrotóxicos, alimentando centenas de crianças e famílias.
“Mais do que produzir, é vontade que nos falta”, lembrou Villarraga, mostrando que a sustentabilidade é obra de mãos, mas também de coração.
Um encerramento em canto e alegria
Para concluir, Allan Vilches, com sua palestra cantada, trouxe leveza e entusiasmo, convidando todos a refletir com alegria sobre o dever de preservar o meio ambiente.
Um encontro de luz e compromisso
O 3º Encontro Cultural Espírita não foi apenas um evento, mas um manancial de esperanças. Ali, cada canção, cada palavra, cada gesto foi semente lançada no solo da alma coletiva, lembrando-nos de que cuidar do planeta é cuidar de nós mesmos — porque somos um só com a Criação.
Entre a música e a prece, o teatro e a palestra, a doçura dos jovens e o testemunho da ação concreta, Não somente Barueri, mas o planeta se iluminou por algumas horas com a certeza de que sustentabilidade é evangelho em movimento. E quem esteve presente saiu renovado, com a alma perfumada de poesia e o coração mais disposto a servir.
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Redação Nossa Oeste – Jornalismo com propósito
Texto e imagens: Adriana Biazoli