Barueri alerta para o impacto da desinformação na saúde pública

Barueri

No dia 13 de novembro, a Prefeitura de Barueri, por meio da Secretaria de Saúde, realizou no auditório da Fatec o 1º Encontro de Comunicação em Saúde, com o tema “Informar para cuidar: o papel da comunicação pública no enfrentamento da desinformação”.

O evento contou com a participação das especialistas Maria Thereza Bonilha Dubugras, médica-veterinária, doutora e mestre em Ciências da Saúde pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e especialista em Divulgação Científica pela Universidade de São Paulo (USP); e Cláudia Malinverni, doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisadora em Comunicação e Saúde do Instituto de Saúde.

O que é Comunicação em Saúde e por que importa?

A Comunicação em Saúde abrange estudos e práticas relacionados à relação entre profissional e paciente, à divulgação científica, à regulação da publicidade de produtos voltados à saúde, além do impacto das novas tecnologias na circulação de informações e desinformações. Maria Thereza destacou que a comunicação em saúde é um instrumento essencial para garantir direitos e autonomia.

Segundo ela, “a comunicação em saúde ajuda a comunidade a reconhecer seus direitos e a se preparar para agir”. Como exemplo cotidiano, citou os rótulos de produtos: “Eles permitem escolhas mais conscientes. A boa comunicação mobiliza a comunidade a prevenir doenças e reduzir riscos.”

A pesquisadora também enfatizou o impacto da primeira mensagem em situações críticas, mencionando a pandemia de Covid-19, um marco recente. “Em uma crise, a velocidade da resposta é fundamental. A primeira mensagem tende a ser mais aceita, mesmo que imprecisa. Na ausência de informação oficial, surgem os rumores.”

Maria Thereza reforçou ainda os princípios essenciais da comunicação em crises: “Be first, be right, be credible — seja o primeiro, seja preciso, seja confiável.” E complementou: “A instituição precisa ser a primeira a falar. A informação inicial costuma ser a que permanece. Não é sobre opinião pessoal; é sobre evidências. A instituição tem que ser conhecida, respeitada e ter credibilidade.”

Ela também destacou o papel da empatia e da comunicação respeitosa. “Durante a pandemia, muita gente reclamou do uso de máscaras, mas foi uma medida essencial. Dividir responsabilidades ajuda as pessoas a se sentirem no controle e a reduzirem a ansiedade.”

Fake news, pós-verdade e o poder das plataformas digitais

A segunda parte do encontro tratou da desinformação, da lógica das plataformas e do negacionismo. Cláudia Malinverni explicou a diferença entre a comunicação de massa tradicional e o universo das mídias digitais. Segundo ela, a comunicação de massa, imprensa, rádio e TV, foi moldada por interesses e estruturas do capitalismo. “A inovação tecnológica não nasce para o bem da humanidade; nasce para impulsionar o avanço capitalista.”

Com a ascensão da comunicação digital, o receptor ganha voz, mas também surgem novos desafios. As plataformas digitais não funcionam como veículos de informação e não dispõem de mecanismos robustos para impedir abusos.

A pesquisadora foi categórica ao afirmar que as plataformas digitais não são democráticas e não existem para promover um debate público qualificado. “Elas são movidas por algoritmos de engajamento, e engajamento significa mais dinheiro”, enfatiza.

Cláudia explicou ainda que o ambiente digital cria terreno fértil para a pós-verdade, onde a disputa discursiva e o negacionismo se intensificam. “Muitos discursos negacionistas se assemelham a discursos religiosos, porque rejeitam o método científico.”

Os perigos das fake news

Cláudia reforçou de forma enfática os riscos da desinformação. “A desinformação, sem exceção, coloca vidas em risco. Ela afeta diretamente as decisões individuais e coletivas sobre quais cuidados as pessoas vão aceitar ou rejeitar.”

Como combater a desinformação?

A pesquisadora também alertou que hostilizar quem acredita em boatos não ajuda: “Ficar com raiva da tia que acredita numa fake news não resolve. O que precisamos é produzir conteúdo baseado em evidências, de instituições com credibilidade, e incentivar o uso de sites de checagem.”

Ela destacou que, hoje, a comunicação não é apenas mediadora, é uma força social, capaz de influenciar cultura, comportamento e política.

Boas práticas recomendadas no evento:

·         Nunca replicar informações duvidosas.

·         Nunca deixar de responder com informação qualificada.

·         Verificar a origem e a veracidade dos conteúdos junto a fontes científicas, jornalísticas e sites de checagem, como:

            Canal Saúde (Fiocruz)

Google Scholar

Fato ou Fake (G1)

E-Farsas

·         Manter uma lista de fontes confiáveis sempre atualizada.

·         Agir rapidamente para evitar a propagação de boatos.

·         Alertar a fonte da mensagem com civilidade.

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