Você acorda com a mandíbula rígida, sente a boca travada, uma dorzinha chata na cabeça e, de uns tempos pra cá, até percebeu que seus dentes inferiores parecem estar se afastando. O que antes parecia apenas uma tensão passageira, virou um incômodo constante. E o corpo, mais uma vez, está tentando te dizer algo.
Esses sinais podem indicar um problema comum, mas muitas vezes negligenciado: o bruxismo noturno, frequentemente associado à disfunção temporomandibular (DTM). Embora esses nomes pareçam complicados, eles descrevem comportamentos e reações corporais bastante frequentes, especialmente em tempos de estresse, ansiedade e sobrecarga emocional.
Bruxismo: o ranger invisível da alma
O bruxismo é o hábito inconsciente de apertar ou ranger os dentes, geralmente enquanto dormimos. Por isso, nem sempre a pessoa percebe o que está acontecendo — ela apenas sente as consequências: dor ao mastigar, sensação de mandíbula travada ao acordar, desgaste dos dentes e, em muitos casos, dores de cabeça frequentes.
Com o tempo, esse esforço repetitivo pode causar alterações na posição dos dentes, como o afastamento dos dentes inferiores, e desencadear a DTM, que envolve os músculos e articulações da mandíbula. A tensão acumulada ali pode irradiar para o rosto, ouvidos, pescoço e cabeça.
E quando a dor se espalha para além da mandíbula?
É importante também observar o que aparece de novo: uma dor na região do nariz e da cabeça, por exemplo, pode indicar uma sinusite leve ou outro processo inflamatório nos seios da face. Embora não tenha ligação direta com o bruxismo, a dor facial pode se somar ao desconforto já existente, piorando a qualidade de vida.
O que fazer diante desses sinais?
O primeiro passo é buscar orientação profissional. Um dentista especializado em DTM poderá avaliar o grau de desgaste, a tensão muscular e possíveis alterações na mordida. O tratamento costuma incluir:
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Placa miorrelaxante (ou placa de bruxismo): usada durante a noite para proteger os dentes e aliviar a tensão.
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Fisioterapia orofacial: com exercícios que ajudam a relaxar os músculos da mastigação.
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Técnicas de manejo do estresse, como meditação, psicoterapia ou atividades relaxantes.
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Avaliação com otorrinolaringologista, se houver dor persistente na região do nariz e face, para descartar sinusite ou outras inflamações.
Ouça o que seu corpo quer dizer
A boca pode até não falar durante o sono, mas ela revela muito do que sentimos. A rigidez mandibular pode ser o reflexo de palavras engolidas, medos silenciados, pressões diárias que se acumulam. Aprender a escutar esses sinais, buscar ajuda e cuidar da saúde bucal e emocional é uma forma de reconquistar o equilíbrio — e o descanso.