Dia Mundial do Meio Ambiente: o planeta pede socorro e nós podemos ouvi-lo

Coluna Meio Ambiente

Era só mais uma sacola no chão, um copinho descartável na calçada, uma garrafinha lançada pela janela do carro. Mas, como tudo na vida, o acúmulo forma montanhas e as montanhas de plástico estão sufocando o planeta.

Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a Organização das Nações Unidas (ONU) chama a atenção global para o tema urgente e inadiável do combate à poluição plástica. Não por acaso. Produzimos mais de 400 milhões de toneladas de plástico por ano no mundo. Mais da metade é usada uma única vez. E pior: menos de 10% é reciclada.

Plástico não é invisível

Ele está nos mares, nos rios, no solo, no ar e até no nosso sangue. Um estudo recente identificou microplásticos na placenta humana e no leite materno. Estamos consumindo, ainda que sem saber, o rastro daquilo que descartamos sem pensar. O plástico, que nos foi vendido como solução, tornou-se um problema de escala planetária  e a natureza, que nunca foi lixo, está pagando um preço alto.

Mas nem tudo está perdido. Existe um exército silencioso que age todos os dias, muitas vezes sem reconhecimento, na linha de frente dessa guerra invisível: os catadores e catadoras de materiais recicláveis.

Mãos que limpam, vidas que transformam

São milhares de pessoas que tiram do lixo o seu sustento e devolvem à sociedade algo que nunca deveria ter sido descartado de forma irresponsável. Eles não são invisíveis. São agentes ambientais. São heróis urbanos.

Essas mãos calejadas recolhem, separam, organizam e encaminham toneladas de resíduos para reciclagem. Em muitas cidades, enfrentam desafios como a falta de infraestrutura, reconhecimento legal e apoio logístico. Por isso, apoiar cooperativas, fortalecer políticas públicas e ampliar a coleta seletiva é tão urgente quanto plantar árvores.

Cooperyara: resistência e cuidado ambiental em Barueri

Na cidade de Barueri (SP), esse trabalho tem nome e história. A Cooperyara, única cooperativa de coleta seletiva do município, atua desde 2002 com a separação e comercialização de materiais recicláveis, contribuindo diretamente para a economia circular e a preservação ambiental.

A coleta seletiva é realizada em parceria entre a Prefeitura de Barueri e a Cooperyara. Os moradores separam os recicláveis em casa, e os materiais são encaminhados para a sede da cooperativa, onde passam por triagem e são preparados para comercialização. A renda gerada ajuda a manter a dignidade de diversas famílias e mostra que reciclar é também um ato de justiça social.

Ecofast: uma história que não pode ser esquecida

Em Jandira, um projeto que unia consciência ambiental e responsabilidade social marcou época. A Ecofast era uma iniciativa que recolhia material reciclável diretamente nas residências. Parte dos recursos obtidos com a reciclagem era destinada a entidades assistenciais, ajudando a transformar resíduos em cuidado com o próximo.

Infelizmente, a Ecofast encerrou suas atividades por falta de recursos. Mas sua memória permanece como inspiração e alerta: iniciativas sustentáveis precisam de apoio para existir. Não basta reconhecer a importância  é preciso investir, divulgar e manter vivas as ideias que cuidam da Terra e das pessoas.

ONGs, ecopontos e pequenos gestos que viram mudança

ONGs ambientais desempenham papel fundamental na educação, no engajamento comunitário e na transformação de hábitos. Seus projetos, muitas vezes voluntários e de baixo orçamento, criam verdadeiros oásis de consciência em meio à pressa do mundo moderno.

Ecopontos, espalhados por diversas cidades, são alternativas práticas e gratuitas para o descarte correto de eletroeletrônicos, móveis, entulho, óleo de cozinha, pilhas e, claro, plásticos. Utilizá-los é um ato de cidadania — e um gesto de amor ao próximo.

Mas, e quem não pode fazer grandes coisas?

Você já faz diferença

Separar o lixo seco do úmido. Reduzir o uso de sacolas plásticas. Trocar o copo descartável por uma caneca. Levar a própria sacola ao mercado. Ensinar uma criança a cuidar do que é de todos. Essas são pequenas atitudes com enorme impacto coletivo.

Não precisamos ser perfeitos. Precisamos ser conscientes. O mundo não vai mudar de uma vez  mas ele pode melhorar todos os dias, se cada um de nós mudar um pouquinho.

Que neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a reflexão não dure apenas 24 horas. Que ela floresça em atitudes, renasça em escolas, brote em empresas e se fortaleça nas casas. Porque o planeta é a nossa casa. E se não cuidarmos dela, perderemos o lugar onde as histórias mais bonitas ainda podem acontecer.

Por Adriana Biazoli

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