Educação: uma porta que precisa permanecer aberta

Coluna Jandira

Projeto “Mãos Solidárias” inicia jornada de alfabetização em Jandira

O Brasil carrega uma ferida histórica: o analfabetismo. Segundo o IBGE (2023), mais de 9,3 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever. Esse número, por si só, revela que a educação ainda não alcança a todos de forma justa, principalmente nas periferias urbanas e nas regiões mais pobres do país.

Iniciativas como o Projeto Mãos Solidárias, que em setembro deu início à Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos em Jandira, são muito mais do que cursos de alfabetização: são oportunidades de reconstrução de vidas. Por meio de parcerias entre universidades, movimentos sociais e governo, esse programa oferece em apenas quatro meses.

Em Jandira, uma porta de esperança se abriu, a Aula Inaugural aconteceu no dia 17 de setembro, reunindo educadores, famílias e lideranças comunitárias na Associação Cáritas e na Comuna Urbana. As aulas seguem até o final do ano, de segunda a quinta-feira, das 19h30 às 21h30, na Rua Lemans, 669 – Jardim São João. O curso é gratuito e voltado a jovens e adultos não alfabetizados ou com dificuldades de leitura e escrita, garantindo certificação equivalente ao 1º ao 4º ano do ensino fundamental. Mas, além disso, oferece dignidade e esperança.

Manter portas como essa abertas é essencial. Afinal, não se trata apenas de aprender a ler e escrever, mas de romper ciclos de exclusão que se perpetuam por gerações. É nessa mesma linha que se inserem o EJA (Educação de Jovens e Adultos) e os cursinhos populares, que democratizam o acesso ao conhecimento e ajudam a equilibrar uma balança historicamente desigual.

Hoje, jovens que estudam em escolas particulares e têm acesso a cursinhos pré-vestibulares de alto custo possuem chances muito maiores de ingressar em universidades federais. Já aqueles que precisam deixar a escola cedo para trabalhar e ajudar no sustento da família muitas vezes veem seus sonhos interrompidos. O Brasil ainda é um país onde a origem social define, em grande parte, o futuro educacional.

Para enfrentar essa desigualdade, programas sociais também desempenham papel decisivo. O Bolsa Família, ao garantir renda mínima, auxilia famílias em situação de vulnerabilidade a manter seus filhos na escola. Já o programa Pé-de-Meia, voltado ao ensino médio, estimula jovens a concluírem os estudos com apoio financeiro direto, reduzindo a evasão escolar. São políticas que não apenas aliviam a pobreza, mas que também funcionam como incentivo concreto à permanência na escola.

Iniciativas como essas nos lembram que a educação não é apenas um direito individual, mas um compromisso coletivo. Alfabetizar jovens e adultos, manter nos municípios os EJAs,  garantir cursinhos populares gratuitos e manter programas sociais são estratégias que convergem para um mesmo objetivo: um Brasil menos desigual e mais justo.

O analfabetismo, a evasão escolar e a exclusão do acesso ao ensino superior não são fatalidades; são desafios sociais que podem ser superados com investimento, vontade política e, principalmente, com a crença de que a educação é, sim, a maior ferramenta de transformação que temos.

Que a aula inaugural realizada em 17 de setembro, em Jandira, não seja apenas o marco de uma nova turma de alfabetização, mas o símbolo de que portas abertas para a educação precisam permanecer abertas, hoje e sempre.

Adriana Biazoli

Sobre a autora:
Adriana Biazoli é jornalista, escritora, contadora de histórias e apaixonada pela arte de comunicar. Com sensibilidade e escuta atenta, transforma encontros e vivências em narrativas que tocam o coração. Avó de uma criança autista, escreve para informar, acolher e inspirar.

Imagens: de Reprodução Yandex 

 

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