Por: Toninho Rodrigues – Trama de Vozes
No vasto e poético mapa cultural do Brasil, o Nordeste se ergue não apenas como paisagem de luta e fé, mas como um manancial inesgotável de ritmos e melodias. E é dessa terra de contrastes, onde a aridez do sertão cede lugar à explosão da vida, que emerge a figura luminosa de Eli Moringa: o cantador, o compositor, o apaixonado embaixador das cantigas populares que pulsam no peito brasileiro.
Baiano de alma e voz, Eli Moringa não é apenas um artista; ele é um fio condutor que tece o presente com o passado glorioso da nossa música. Em cada xote, baião e ciranda que brota de sua garganta, reside a poeira vermelha das estradas, o cheiro de chuva na caatinga e a alegria resiliente de um povo. Sua arte é um ato de reverência, um altar erguido para a memória dos grandes mestres e, sobretudo, para a inesgotável força da cultura popular.
Ao trilhar os caminhos abertos pelo eterno Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, Eli Moringa assume a missão sagrada de manter viva essa chama. Seu trabalho, que inclui composições sensíveis como “Gonzagueando” – um notável tributo ao Mestre –, “Um Baião pra o Meu Calundu” e “Uma Cantiga pra Blandina”, é a prova de que a genuína Música Popular Nordestina é atemporal.
Em um tempo de ruídos fugazes, a voz de Eli Moringa ressoa como um bálsamo. É a voz do sertão que nos recorda a beleza simples e profunda das palavras cantadas. Ele transforma o cotidiano em poesia, o amor em metáfora e a esperança em melodia, honrando a tradição dos cantadores que, com apenas um violão, faziam e fazem o mundo girar.
Viva o Baião! Viva a poesia telúrica e vibrante da música nordestina! E que a voz do sertão, essa que emana com força e ternura de Eli Moringa, continue a nos emocionar, a nos fazer dançar e, acima de tudo, a celebrar a riqueza imensa do Brasil. Ele é, sem dúvida, um tesouro vivo a ser aplaudido em nossa região (Osasco, Jandira, Itapevi, Carapicuiba, Cotia…) e todos os cantos do país.
SOBRE O AUTOR
Toninho Rodrigues — ator e diretor e teatral, é um dos nomes centrais da cena cultural da Região Oeste de São Paulo. Gestor e articulador cultural, dirigiu o Espaço Cultural Grande Otelo, o Teatro Municipal Glória Giglio, foi diretor de Cultura de Jandira e colaborador do Jornalismo Cultural.
