Entrevista com Rodrigo Sioli – A canção que nasce da vida

Jandira Cultura

Nas esquinas da Lapa, nasceu um menino de alma melódica.
Mas foi em Jandira, entre ruas de terra e vozes de vizinhos, que ele aprendeu que a vida canta — mesmo quando silencia.
No quintal das memórias, a música era herança, passada de mão em mão, de violão em violão, em festas, domingos e almoços na casa da vó.
Rodrigo Sioli não virou artista.
Ele era — desde sempre — a arte vestida de gente.
Seu canto é sopro de resistência, sua trajetória, um refrão de superação.
E, nesta entrevista, ele não só fala — ele canta com palavras.

Infância e Origens

Rodrigo Sioli nasceu na Lapa, São Paulo, mas suas raízes floresceram mesmo em Jandira, no bairro Jardim Europa. Sua infância foi marcada pela liberdade que hoje é raridade: “muito futebol na rua, brincadeiras com os vizinhos, vídeo game, escola… e principalmente, muita música nas festas de família”. Era nos almoços de domingo na casa da avó que a trilha sonora da vida ganhava cor.

Desde cedo, a música lhe parecia mágica. Aos quatro anos, ouviu “Feirante Atrapalhado”, de Paulo Sérgio, e jurava que a voz era do pai, já que a canção mencionava a CMTC, onde ele trabalhava. “Eu achava aquilo um superpoder”, lembra.

Sem pretensões profissionais, mas com um amor verdadeiro, a família incentivava o som com naturalidade. Sua mãe cantava enquanto fazia os afazeres, os tios improvisavam instrumentos, e a casa se enchia de canções. O dia em que ouviu o tio tocar “Ouro de Tolo”, de Raul Seixas, no quarto vazio da nova casa em Assis, ficou marcado como a primeira vez que sentiu o poder transformador da música.

Apesar das alegrias, a vida trouxe provações. Aos 15 anos, enfrentou a meningite e foi dado como morto. Sobreviveu. “Desde então, cada show que faço carrega esse sentimento de gratidão. Subo no palco como se fosse o último”, afirma.

Descobrindo a Música

Foi na escola que o desejo de ser músico tomou forma. Com 11 anos, formou uma boyband para apresentar hits de NSYNC e Backstreet Boys. “Ali eu tive certeza: era aquilo que eu queria viver.”

A primeira música que compôs, aos 13 anos, falava de saudade — tema sentido profundamente durante a mudança de Jandira para Assis. E foi no karaokê de uma pizzaria local, o Mário’s Bar, que Rodrigo pisou no palco pela primeira vez. “Além de cantar, já fazia o público interagir, bater palma… já tava me preparando pra vida.”

Sua formação musical foi lapidada por nomes como Dave Grohl (“pela intensidade”), Chico Buarque (“pela poesia”) e Fernando Anitelli (“pela liberdade criativa”). Cada fase vivida se refletia em um som diferente — nunca uma fórmula, mas sempre verdade.

Desafios e Conquistas

O início foi marcado por limitações. No MB Jandira, “tudo era na raça”, sem instrumentos bons ou estrutura. Mas isso moldou sua essência. Ser artista independente, apesar dos obstáculos, o transformou num profissional completo: produtor, divulgador, técnico de som e artista.
Entre os marcos de sua carreira, destaca a vitória no FestJan 2023 e a apresentação no Encontro das Tribos com músicas autorais — momentos que provaram que o caminho valia a pena.
Desistir nunca foi opção. Ainda que tenha atuado na área de TI, sua formação acadêmica, a música sempre o puxava de volta. “Não sou só eu, existe uma equipe de músicos e produção hoje com a GRS.”

Música e Propósito

A GRS Eventos nasceu da vontade de realizar sonhos por meio da música. Oferecendo desde voz e violão até bandas completas, Rodrigo tem ao seu lado sua parceira de vida e produção, Andressa Scopim. Juntos, transformam cada evento em experiência.
Sua arte é, acima de tudo, um abraço. “Num mundo onde muita gente sofre em silêncio, minha música é uma tentativa de conforto.”
Ele acredita no poder da canção para iluminar dias escuros. E se pudesse deixar uma mensagem após cada show, seria:
“Respira. Vive o agora. Cuida de quem tá perto. Valoriza os momentos simples.”

A cena autoral, segundo Rodrigo, vive um novo momento com a internet: espaço há, mas é preciso não se perder no barulho e manter a verdade.

Três palavras definem sua música?
Presença. Verdade. Esperança.

Sonhos e Futuro

Se o futuro é uma melodia ainda sendo escrita, Rodrigo já tem em mente o compasso: viver integralmente da música, tocar em novos palcos, alcançar novos corações.
Quer colaborar com artistas que cantam com a alma.
E em cinco anos? Quer se ver mais maduro, com canções marcando momentos especiais na vida de pessoas reais — sempre com os pés no chão.
Para quem está começando, ele deixa um recado simples, direto e precioso:
“Não tenha pressa, mas não pare. Ouça o que vem de dentro, e não o que dizem de fora.”

Se sua vida fosse uma canção, o refrão já estaria pronto:

“Sobrevivi, renasci, fiz da dor melodia /
Cada palco é um milagre, cada nota é poesia.”

Redação Nossa Oeste

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