Em Jandira, um projeto vem costurando mais do que beleza: vem tecendo pertencimento, memória e oportunidades. “Entre Tranças e Origens” é fruto do Edital nº 02/2025/SMCT, com patrocínio do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura e apoio da Prefeitura de Jandira, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e do Conselho Municipal de Política Cultural.
A iniciativa nasce das mãos, e da história, de Daniella Rodrigues, trancista há 12 anos, empreendedora e professora. Sua trajetória não se compõe apenas de fios 0050entrelaçados, mas de resistência, ancestralidade e uma força silenciosa que aprendeu a recomeçar mesmo quando o mundo parecia dizer o contrário. Daniella transforma o ato de trançar em poesia, técnica e acolhimento. Em sua oficina, ninguém aprende apenas a trançar: aprende a se reconhecer.

O curso, inteiramente gratuito, está em sua etapa final, coroando semanas de dedicação e descobertas. A formação oferece um encontro semanal de duas horas, preparando novos trancistas para atuar com excelência. São ensinadas técnicas como Trança Nagô, Boxeadora, Gipsy Braids, Knotless, trança enraizada com jumbo, além de preparação do cabelo, divisão e assimetria, finalização e certificação.
Com apenas 8 vagas por turma e inscrições a partir de 14 anos, cada aluno recebe atenção próxima, respeito ao ritmo de aprendizagem e incentivo constante.
As aulas acontecem em dois pontos da cidade:
Cras Figueirão – segundas-feiras, das 9h às 11h e das 14h às 16h.
Espaço Cultural Biguá – terças-feiras, das 9h às 11h e das 16h às 18h.
Mas para entender a grandeza deste projeto, é preciso olhar além da técnica. As tranças carregam séculos de história: durante a escravidão, eram preservadas pelos africanos como forma de manter viva a cultura, a identidade e a resistência. Em meio à opressão, eram mapas, códigos, comunicação, pertencimento.
O termo Nagô vem do povo Yoruba, predominante na Nigéria e parte da África Ocidental, e suas tranças são marcas ancestrais que atravessaram o oceano e sobreviveram ao tempo. Hoje, seguem como arte, expressão e afirmação de quem somos.

E essa força tem encontrado eco nas histórias dos alunos.
Dona Maria Elita Barbosa dos Santos, de 71 anos, já trançava, mas desejava aprender técnicas profissionais.
“Uma amiga me indicou e aceitei na hora. Me dedico bastante. Os clientes já são da família. Ficaram animados e fui incentivada por netos e sobrinhos.”

Rebeca Victória, 23 anos, moradora do Jardim Belmonte, viu no curso a oportunidade que precisava.
“Eu já trabalhava na área, mas não tinha condições de pagar por um aperfeiçoamento. Essa foi a chance. A professora acolhe, ajuda, explica, nos motiva… estou amando.”Miriã M. dos Santos, 34 anos, também encontrou mais do que técnica, encontrou caminho.
“Tentei aprender por tutoriais da internet e não consegui. Tinha muita dificuldade. O curso com a professora Daniella era o que faltava. Ela tem tanta paciência e nos transmite tanto amor.”
Já Yuni Caroline, de 18 anos, trancista desde menina, buscava novas técnicas, e encontrou um mundo novo nas aulas.

Essas histórias confirmam o que o projeto anuncia desde o nome: Entre tranças e origens, existe um reencontro com si mesmo. O que se ensina ali é profissão, mas também é cura, identidade e cultura viva sendo transmitida de geração em geração.
A grande celebração desse ciclo acontece no dia 21/11, às 19h, no Espaço Biguá, com formatura, exposição de trabalhos e entrega de certificados. Um momento para honrar cada conquista, cada fio entrelaçado com esforço, e cada história que agora segue mais forte.
Porque trançar é isso: unir. Resgatar. Construir.
E Daniella, com sua conceito Black By Hair , segue tecendo vidas, uma trança por vez.




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