Liberdade irrestrita, um ideal que ainda não cabe ao mundo que temos

Acontece Cultura

Por Adriana Biazoli

A liberdade plena é um sonho antigo da humanidade. O direito de dizer o que se pensa, agir como se deseja e transitar pelas redes , e pelo mundo ,  sem restrições sempre soou como um símbolo máximo de democracia e evolução social. Mas até que ponto estamos, de fato, preparados para viver essa liberdade em sua forma mais pura?

Alguns defensores da chamada “liberdade irrestrita” sustentam que qualquer tipo de regulação é uma ameaça à democracia. No entanto, é preciso olhar com honestidade para a realidade: o caráter humano é controverso, influenciado por disputas de poder, interesses individuais e, infelizmente, por práticas antiéticas que ferem o coletivo.

A história já nos ensinou que onde não há limites, muitas vezes, impera a lei do mais forte. E no ambiente virtual, esse cenário ganha proporções ainda mais preocupantes.

O submundo das redes: entre o ódio e a manipulação

Quando as redes sociais surgiram, a promessa era nobre: conectar pessoas, criar pontes culturais e democratizar a informação. Mas, ao longo dos anos, o que deveria ser espaço de diálogo e diversidade se tornou, para alguns, um campo de batalha. Plataformas que nasceram para unir estão sendo usadas para atacar.

O submundo das redes sociais hoje abriga grupos que espalham ódio, manipulam narrativas e promovem ataques pessoais. Fake news, discursos de ódio, linchamentos virtuais e campanhas de difamação são apenas algumas das estratégias utilizadas por aqueles que, em busca de poder e influência, não medem consequências.

O resultado é devastador. Vidas são destruídas por ataques coordenados. Reputações são arruinadas em poucas horas. E, em casos ainda mais graves, pessoas são levadas ao suicídio, vítimas de perseguições e humilhações virtuais.

A ética como única saída

Uma liberdade sem limites só seria viável em um mundo onde todos compreendessem e vivessem a ética em sua plenitude. Um mundo onde o respeito pelo outro fosse premissa básica, onde o bem coletivo prevalecesse sobre os interesses individuais e onde o poder fosse exercido com responsabilidade.

Mas enquanto esse cenário ideal não chega, as leis continuam sendo necessárias. Elas não são muros para calar vozes, mas barreiras de proteção para evitar excessos, preservar direitos e, acima de tudo, proteger vidas.

A regulação não é inimiga da liberdade. Pelo contrário: é justamente ela que impede que a liberdade de uns se transforme na violência contra outros.

Reflexão necessária

O debate sobre os limites da liberdade de expressão e de comportamento nas redes precisa ser encarado com seriedade. Não é sobre censura. É sobre responsabilidade social.

Enquanto houver quem use a liberdade para manipular, ferir e destruir, a sociedade terá a obrigação moral de colocar freios. Não por prazer em limitar, mas por necessidade de proteger.

Que um dia possamos viver em um mundo onde a ética seja tão natural quanto respirar. Até lá, as leis continuarão sendo um amparo – por vezes incômodo, mas essencial.

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