Nancy Alves Gomes: uma vida inteira dedicada à inclusão e ao ensino

Jandira Mulher

 ..sua trajetória profissional com a crença ingênua de que a sociedade era unificada. Logo, no primeiro dia como professora, sentiu o peso das desigualdades sociais. 

Nem todas as respostas escritas num papel são capazes de traduzir a grandeza de uma vida. Às vezes, os formulários falham, não por erro de quem responde, mas porque certas almas são maiores do que as perguntas podem alcançar. É assim com Nancy Alves Gomes.

Educadora, psicopedagoga, diretora, supervisora. Mas, antes de tudo, gente. Uma mulher que, mesmo nascida em berço de conforto, escolheu andar por entre os contrastes da vida real. Nancy nasceu em Rosário Oeste, no Mato Grosso, no dia 3 de janeiro, filha de um engenheiro e de uma Supervisora de Ensino. Cresceu entre brincadeiras com bonecas, passeios a cavalo, festas juninas e natais em família. A infância era doce, a família grande, a influência da educação estava ali desde cedo — com a mãe, com a madrinha professora, com a inesquecível professora Célia e, depois, Nazaré, no curso de Pedagogia.

Elegante, de um sorriso que contagia, esposa, mãe da única filha Laura, avó do Gustavo, amiga leal. E se não for para extrair o melhor de cada ser humano, Nancy nem fala nada. Sua energia é daquelas que dá inveja — sempre disposta a seguir adiante, com o coração aberto e a escuta atenta.

Desistiu da faculdade de Direito no terceiro ano. Não porque faltava talento, mas porque sobrava vocação. A educação a chamou — e ela atendeu. Ingressou de vez em um mundo onde o giz não risca escreve apenas no quadro, mas compõe histórias e vidas.

Nancy iniciou sua trajetória profissional com a crença ingênua de que a sociedade era unificada. Logo, no primeiro dia como professora, sentiu o peso das desigualdades sociais. Era um processo triste — como ela mesma descreveu —, mas que acendeu nela um desejo: o de fazer a diferença. E assim o fez.

Chegou a Jandira em 1988 e, desde então, fincou raízes. Na Escola Catatau, na rede estadual, na prefeitura. Professora de Educação Infantil, diretora, supervisora… e incansável defensora de um ensino mais justo e humano. Foi uma das responsáveis pelo projeto de Inclusão na Secretaria de Educação da cidade — sua grande realização. Mas não foi só coordenar. Nancy incluiu de verdade: abraçou as dores das mães atípicas, comemorou cada pequeno progresso dos assistidos, entendeu que o amor também educa.

Também vestiu o avental da generosidade incontáveis vezes, ajudando na cozinha da APAE, sempre com a mesma dedicação e o mesmo respeito, como se estivesse lecionando. Nancy sempre foi movida pelo amor. Por isso, seus amigos a admiravam tanto. Muitos deles já partiram, deixando com ela a saudade, mas também a certeza de que viver valeu a pena. Fã de Roberto Carlos, sua vida poderia muito bem ser resumida num refrão: “Se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi.”

E foram muitas. As lágrimas que derramou não foram pelas dores, mas pelas dores dos outros. Os sorrisos, mesmo disfarçados, eram um abrigo para os que não tinham onde repousar suas esperanças.

Nunca pensou em desistir. Continuou por amor, por ética, por respeito. E quer que as novas gerações saibam disso: o respeito é o elo essencial entre o “eu” e o outro.

Hoje, aos 78 anos, segue sua jornada com a mesma leveza de quem sabe que já fez muito, mas ainda tem muito a oferecer. Mesmo aposentada, não parou. Abriu seu consultório, atua como psicopedagoga e neuropsicopedagoga. E, sempre que pode, está por perto da educação. Porque quem ama, não se afasta.

Nancy acredita que deixou um legado. E nós também. Porque quem sonha com uma cidade melhor e trabalha por ela com paciência, humildade e honestidade… já fez história.

E é assim que ela quer ser lembrada: como a professora que sempre quis o melhor para a cidade de Jandira. Nós, que tivemos o privilégio de caminhar com ela, diremos mais: como a mulher que viveu com emoção cada instante de sua missão — e segue vivendo, com brilho nos olhos e verdade no coração.

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Texto:  Adriana Biazoli

Colaboração: Josenilda 

Fotos: Rede Social 

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