Por Adriana Biazoli
Se os gestores públicos pudessem medir a imensidão de significados que um festival traz, fariam deles tradição em cada cidade. O FestJan – Festival de Música de Jandira é a prova de que, mesmo com orçamentos modestos e recursos limitados, é possível criar uma ponte entre a arte e a emoção.
Os festivais, como este, exigem dedicação: editais bem feitos, verbas garantidas e mãos apaixonadas que constroem o evento. É trabalho árduo, mas recompensador. Se Jandira consegue, com uma das menores receitas da região, o que dizer de outros municípios? A cultura precisa ser prioridade.
Na região, apenas Jandira e Barueri mantêm festivais de música. Barueri é referência com o FEMUPO, que já chegou à sua 51ª edição, embora tenha sido pausado em 2024 devido às eleições. Já Jandira, com sua Secretaria de Cultura e Turismo, mostra que é possível fazer muito com poucos recursos.
No palco do Teatro Municipal Luiz Gonzaga, nesses dois dias, desfilaram histórias que são mais que canções: são vidas transformadas pela arte.
Histórias que Marcam
Dentinho Arueira, vindo de Santa Catarina após 13 horas de viagem, com pés descalços, cantou Casa Morena e deixou sua marca, mesmo sem se classificar.
Miltinho Edilberto, ao ver queimadas devastando terras que tanto ama, compôs Imagina, uma música sobre dores e esperanças.
Adriano Lima, em Jandira, encontrou redenção ao dedicar a música Raiou Aurora à filha, que o salvou de uma depressão avassaladora.
Na música gospel, Nathã Benah trouxe o poder transformador de Do Deserto à Vida, composta em um momento de reclusão e conexão com Deus.
E há também o apelo social de Felipe Mad, com Lua de Fel, que ecoou o sofrimento de tantas mulheres que têm seus sonhos arrancados pela violência. Por fim, o contagiante Festivalzar, do Grupo Alpiste, uma celebração à perseverança dos artistas e ao poder da música de atravessar fronteiras.
Estes festivais são mais que eventos. São portais para artistas desconhecidos mostrarem seus talentos, muitas vezes ignorados pela grande mídia. Cada apresentação é um pedaço da alma do Brasil que clama por reconhecimento.
Como apresentadora e jornalista, vivi a emoção em sua forma mais pura. Não há palavras suficientes para descrever o quanto o FestJan é necessário. É um chamado a todos os gestores: invistam em cultura. Ela é o coração da sociedade.