O Perigo do Vício em Jogos Online: A Ilusão Vendida por Influenciadores e o Caso Alarmante no Paraná

Acontece Coluna

O vício em jogos online tem se tornado um problema de saúde mental cada vez mais grave no Brasil, atingindo pessoas de todas as idades e classes sociais. O caso recente investigado pela Polícia Civil do Paraná, no qual uma jovem de 22 anos desviou R$ 179 mil do próprio avô para sustentar seu vício em apostas online, é um exemplo claro de como esse comportamento compulsivo pode destruir vidas. Além disso, há um fator ainda mais preocupante que alimenta essa epidemia: a influência de figuras públicas e influenciadores digitais que promovem jogos de aposta com promessas de diversão e dinheiro fácil, sem revelar os perigos ocultos.

O Caso do Paraná: Um Reflexo dos Perigos dos Jogos de Aposta

A prisão da jovem no Paraná destaca como o vício em jogos online pode levar pessoas a atitudes desesperadas. Entre setembro e outubro de 2023, a mulher fez 59 saques e transferências da conta bancária do avô, totalizando R$ 179 mil, valor que foi quase integralmente utilizado em apostas online. Mesmo negando o crime, as câmeras de segurança da agência bancária a flagraram realizando as transações, levando à sua prisão preventiva.

Esse caso revela não apenas o impacto financeiro devastador que o vício pode causar, mas também as consequências emocionais e psicológicas de uma obsessão que empurra os jogadores a limites extremos. Além disso, ele expõe a influência nociva de um ambiente digital onde jogos de aposta são promovidos como entretenimento inofensivo, mascarando o perigo real.

A Falsa Ideia Vendida por Influenciadores Digitais

Nos últimos anos, influenciadores digitais passaram a ser peças-chave na promoção de jogos de aposta online, conhecidos como bets. Um dos exemplos mais controversos é a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que ganhou notoriedade ao promover plataformas de apostas para milhões de seguidores. Nessas propagandas, a promessa é de que o usuário pode ganhar dinheiro fácil e se divertir ao mesmo tempo. No entanto, a realidade é muito diferente: as bets são desenhadas para viciar, criando uma falsa sensação de controle e vitória, enquanto, na verdade, grande parte dos jogadores acaba perdendo grandes somas de dinheiro.

O que muitos não sabem é que os influenciadores que promovem essas plataformas não estão apenas vendendo diversão. Eles, na verdade, ganham uma porcentagem das perdas dos jogadores que entram nesse ciclo vicioso. Assim, quanto mais as pessoas perdem, mais esses influenciadores lucram, o que cria um conflito ético grave. Eles não estão ali para ajudar seus seguidores a ganhar; estão lucrando às custas do vício alheio.

O Jogo Viciado das Bets: Ganhando às Custas da Perda do Público

Um dos maiores problemas das plataformas de apostas é que, para os influenciadores que as promovem, os jogos são viciados para que eles ganhem continuamente, criando uma falsa impressão de que a vitória é fácil e frequente. Em transmissões ao vivo ou vídeos, esses influenciadores mostram grandes prêmios e resultados rápidos, sem mencionar que, para a maioria das pessoas, o cenário é completamente diferente. A verdadeira experiência do usuário comum é de perdas constantes, frustração e, muitas vezes, dívidas incontroláveis.

Essas práticas criam uma expectativa irreal de que qualquer um pode ganhar, incentivando as pessoas a investir mais do que podem perder. Na realidade, o modelo de negócio dessas plataformas depende de que a maioria perca — e quanto mais perderem, mais os influenciadores ganham. Assim, a diversão vendida pelos influenciadores é uma ilusão perigosa, que leva as pessoas para o fundo do poço financeiro e emocional.

Fatores Emocionais e Psicológicos que Agravam o Vício

O vício em jogos online é alimentado por diversos fatores emocionais que tornam difícil para a pessoa perceber o quão grave é sua situação. Entre esses fatores, podemos destacar:

  1. A Ilusão do Controle e da Recompensa Imediata: As plataformas de apostas fazem com que os jogadores sintam que estão no controle de suas jogadas e que, a qualquer momento, podem reverter as perdas e obter grandes ganhos. Essa sensação de “quase ganhar” é psicologicamente manipuladora e mantém os jogadores presos ao ciclo de apostas.
  2. Fuga da Realidade: Muitas pessoas, ao enfrentar problemas financeiros, emocionais ou de relacionamento, encontram nos jogos uma forma de fuga temporária. A excitação dos jogos serve como uma distração da realidade dura, mas a dívida e os problemas só aumentam, criando um ciclo vicioso de dependência.
  3. Vergonha e Isolamento: O jogador viciado frequentemente se sente envergonhado de suas perdas, o que o leva a esconder seu problema de amigos e familiares. Esse isolamento agrava o problema, já que ele se afasta do apoio emocional que poderia ajudá-lo a sair dessa situação.

Consequências Trágicas: Quando o Vício Leva ao Desespero

Casos como o da jovem no Paraná são apenas a ponta do iceberg. O endividamento extremo, a vergonha e o desespero resultantes do vício em jogos online podem levar algumas pessoas ao ponto de considerar o suicídio. A pressão emocional se torna insuportável quando não há mais recursos financeiros ou pessoais para sustentar o vício, e muitos não conseguem ver uma saída.

Estudos indicam que há uma forte correlação entre o vício em jogos e pensamentos suicidas, especialmente entre aqueles que perdem tudo — dinheiro, autoestima e o apoio das pessoas ao seu redor. O caso de Deolane e outros influenciadores que promovem essas plataformas de apostas demonstra como o ciclo de destruição pode ser incentivado por pessoas que deveriam, em tese, orientar seus seguidores de maneira responsável.

A Necessidade Urgente de Conscientização e Regulação

Diante desse cenário, é urgente que tanto o público quanto as autoridades tomem medidas para proteger as pessoas vulneráveis ao vício em jogos online. Campanhas de conscientização devem alertar sobre os perigos das apostas online, e as plataformas de jogos precisam ser mais rigidamente regulamentadas para evitar a exploração de jogadores por parte de influenciadores que lucram com suas perdas.

Além disso, é crucial que o público entenda que os influenciadores digitais, ao promover essas plataformas, não estão oferecendo diversão inofensiva, mas sim um caminho perigoso para o endividamento e o sofrimento emocional. A falsa ideia de ganho rápido deve ser desmascarada, e os jogadores precisam ser educados sobre os riscos que estão correndo.

O caso do Paraná, onde uma jovem desviou R$ 179 mil do próprio avô para alimentar seu vício em apostas online, é um exemplo claro de como o vício em jogos online pode destruir vidas. A situação é agravada pela influência de personalidades digitais como Deolane Bezerra, que promovem jogos de aposta como uma forma de diversão, quando na verdade essas plataformas exploram os usuários e enriquecem seus promotores às custas das perdas dos jogadores. A conscientização, a regulação e o apoio emocional são essenciais para combater essa epidemia, protegendo as pessoas mais vulneráveis de um ciclo de destruição financeira e emocional.

Redação

Augusto Maciel

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