São Paulo, 14 de junho de 2025 — A cidade de São Paulo tem enfrentado nos últimos dias uma forte onda de frio. Os termômetros registram temperaturas abaixo da média e o cenário, que já é desafiador para a população em geral, torna-se ainda mais preocupante para os animais de estimação e para as pessoas em situação de rua.
De um lado, tutores de pets reforçam cobertores e roupinhas para proteger seus cães e gatos dentro de casa. De outro, nas calçadas e marquises da cidade, moradores de rua resistem ao frio ao lado de seus animais, muitos deles recusando vagas em abrigos públicos que não permitem a entrada de pets.
Cuidados com os pets dentro de casa: frio também afeta os animais
Veterinários alertam: os pets também sofrem com as baixas temperaturas. Cães e gatos de pelo curto, idosos ou com problemas de saúde são os mais vulneráveis. Tremores, sonolência excessiva e tosse são sinais de alerta.
Principais cuidados recomendados:
✅ Abrigo aquecido: Mantenha os pets longe de correntes de ar e com cobertores disponíveis.
✅ Roupinhas térmicas: Especialmente para os mais sensíveis.
✅ Banhos com cautela: Sempre com água morna e secagem completa para evitar choque térmico.
✅ Alimentação e hidratação: Mesmo com o frio, água fresca e alimentação balanceada são essenciais.
Moradores de rua: entre o frio intenso e a impossibilidade de deixar seus animais
Para quem vive nas ruas, o desafio é ainda maior. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), São Paulo conta hoje com apenas 11 centros de acolhida com espaço para animais, totalizando pouco mais de 120 vagas para pets.
“Ele é tudo que eu tenho. Dormimos juntos, dividimos comida e o pouco que temos. Não vou deixá-lo para trás”, diz emocionado João Batista, morador de rua na Zona Oeste da capital, ao falar de seu cachorro Thor.
ONGs como a Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC) têm intensificado suas ações nas ruas, distribuindo cobertores, ração, casinhas improvisadas e até atendimento veterinário emergencial para os animais.
Durante a Operação Baixas Temperaturas, a Prefeitura disponibiliza vagas emergenciais em locais como a Estação Pedro II, com áreas separadas para os pets, mas a demanda continua sendo maior do que a oferta.
Um apelo por políticas mais inclusivas
Especialistas em assistência social destacam a urgência da ampliação de espaços que considerem os vínculos afetivos entre moradores de rua e seus animais. “Não se pode exigir que uma pessoa escolha entre ter um abrigo ou manter o único amigo que lhe resta”, reforça a assistente social Mariana Ribeiro.
Enquanto isso, o frio segue cortante nas noites paulistanas. E o que mais aquece, seja nas casas ou nas ruas, continua sendo o afeto entre humanos e seus animais.