No último dia 25 de setembro, a família Guimarães se despediu de um de seus membros mais queridos: Paulo Ricardo Adinolfi Guimarães, o Paulinho, nascido em 17 de julho de 1987.
A cerimônia de despedida, realizada no Cemitério Alpha Campus, teve início às 13h, com sepultamento às 16h, e reuniu inúmeros amigos e pessoas próximas que quiseram prestar suas últimas homenagens.
Paulinho lutava contra um câncer e não resistiu às complicações da doença. Ele deixa a esposa e a filha de apenas 7 anos. Conhecido por seu sorriso fácil, sua irreverência juvenil e pela paixão pelo skate, foi lembrado com música de Bob Marley e com a camiseta marcada por grafites que só quem faz parte da “tribo” compreende.
Durante o velório, uma das cenas mais marcantes foi a do pai, vestindo o boné e a camiseta do filho. Em sua fala, emocionado, compartilhou a dura caminhada que ambos trilharam lado a lado: as consultas, os exames e até o tratamento de quimioterapia feitos juntos. Recordou ainda o momento em que desejou estar no lugar do filho, já que seu câncer estava em remissão enquanto o de Paulinho seguia avançando. Ao que o filho respondeu com ternura:
O pai completou, com lágrimas nos olhos, que se à mãe coube a missão de gerar e carregar o filho por nove meses, a ele foi reservado o companheirismo de percorrer o caminho do tratamento, de segurar-lhe as mãos até o momento da despedida.
A mãe, Marta, exibia o cansaço de quem sofreu em silêncio, mas ainda assim irradiava luz e serenidade. Seu coração sabia que o filho não mais sofria, embora a certeza não apagasse a dureza dos meses enfrentados. Como aliviar a dor de um filho? Marta encontrou resposta na fé, na prece e no amor incondicional.
Naquele espaço, irmãs se abraçavam, partilhando uma caminhada difícil, e mesmo em meio à dor encontraram forças para consolar os amigos que também choravam a perda.
A despedida de Paulinho se soma a um contexto ainda mais desafiador: três membros da mesma família foram diagnosticados com câncer. Primeiro Paulo Guimarães, conhecido como Paulo da Gran Sorbetto, marca tradicional no comércio de sorvetes em Jandira, que depois se tornou Sorvesan. Pouco tempo depois, o filho, Paulinho, recebeu o diagnóstico de câncer de intestino. Em seguida, o irmão de Paulo, Reginaldo Guimarães, o Guima, comerciante do ramo gráfico, também recebeu a notícia de que estava com a mesma doença.
A notícia de três diagnósticos em tão curto espaço de tempo foi devastadora para quem acompanhava a família. Mas, surpreendentemente, eles escolheram reagir de forma diferente: em vez de reclamar ou se entregar ao desespero, buscavam sempre oferecer esperança e força uns aos outros e também a quem estava por perto.
Houve cirurgias, quimioterapia, radioterapia e dias difíceis, para Reginaldo, que precisou enfrentar duas cirurgias em curto intervalo. Ainda assim, nenhum deles demonstrava desânimo ou falta de fé. Pelo contrário: o amor que os une era combustível para seguir lutando.
Nesse processo, a família Guimarães mostrou que a dor pode ser atravessada de mãos dadas, com coragem e dignidade. Como costuma acontecer em casos assim, muitos amigos se afastaram, não por falta de carinho, mas pela dificuldade de encontrar palavras. E talvez, como a própria família ensinou, o mais importante nem seja falar, mas simplesmente estar presente e ouvir.
Paulinho partiu cedo, mas partiu de forma serena. Teve tempo de agradecer, de se despedir e de ouvir do tio, padrinho de sua filha, a promessa de que a menina não lhe faltará cuidado nem carinho.
A trajetória de Paulinho e da família Guimarães é um testemunho de luta, amor e esperança. Em meio à dor, fica a lembrança de um jovem que marcou vidas com sua leveza e coragem, e de uma família que segue resistindo unida, mesmo diante dos maiores desafios.
➡️ A missa de sétimo dia em memória de Paulinho será celebrada no dia 02 de outubro, às 16h, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Jandira.
Por: Adriana Biazoli
Nossa Oeste – Jornalismo com propósito
