Rita Lobato: pioneira na medicina e na vida pública brasileira

Mulher Acontece

Em um Brasil ainda marcado por preconceitos de gênero e limitações sociais para as mulheres, uma jovem gaúcha ousou abrir caminhos que pareciam impossíveis. Rita Lobato Velho Lopes, nascida em 24 de junho de 1866, em São Pedro do Rio Grande do Sul, fez história ao se tornar a primeira médica formada no Brasil e em toda a América Latina.

A estudante que desafiou preconceitos

Filha de uma família tradicional de origem portuguesa, Rita teve acesso à educação em um tempo em que isso não era comum para mulheres. Quando anunciou que seguiria carreira médica, enfrentou resistência e descrença. Muitos acreditavam que “o cérebro feminino não suportaria os estudos científicos” e que a medicina era uma profissão imprópria para senhoras.

Mas ela não se deixou intimidar. Em 1884, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, superando olhares de reprovação e comentários depreciativos. Em 1887, concluiu o curso com brilhantismo, abrindo uma porta que até então parecia fechada para todas as mulheres.

A médica que cuidava de vidas

De volta ao Rio Grande do Sul, Rita abriu consultório e se destacou como clínica geral e obstetra. Seu nome logo se espalhou, especialmente entre mulheres, que viam nela não apenas competência técnica, mas também uma escuta sensível e acolhedora. Atendia partos, cuidava de famílias inteiras e ganhou respeito em sua comunidade, mostrando que a medicina não tinha gênero.

A liderança feminina na política

A coragem de Rita não se limitou à medicina. Ela também foi uma das primeiras mulheres brasileiras a exercer cargos políticos, chegando a atuar como vereadora em Rio Grande. Nessa função, defendeu causas sociais e abriu espaço para que outras mulheres participassem da vida pública. Em um tempo em que a política era território exclusivo dos homens, Rita mostrou que a presença feminina podia — e devia — estar em todos os lugares.

A mulher, esposa e mãe

Em 1891, Rita casou-se com o médico Joaquim de Siqueira Lopes. O casal formou uma parceria que uniu vida profissional e familiar. Tiveram filhos, e Rita conciliou maternidade, medicina e vida pública, demonstrando que a mulher poderia transitar em diferentes papéis sem perder sua identidade.

 Legado de coragem e esperança

Rita Lobato faleceu em 6 de janeiro de 1954, aos 87 anos, em Rio Grande. Deixou como herança mais do que consultas médicas ou cargos políticos: deixou a certeza de que as mulheres podem — e devem — ocupar todos os espaços que desejarem.

Graças à sua determinação, gerações inteiras de médicas, líderes e profissionais puderam trilhar caminhos antes inimagináveis. Hoje, quando vemos uma médica atender um paciente, ou uma mulher assumir a palavra em um espaço de poder, há um pouco de Rita em cada conquista.

Rita Lobato foi médica, política, esposa, mãe e, acima de tudo, uma mulher que ousou transformar seu tempo.

Redação Nossa Oeste 

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