Singela homenagem a Jandira – 62 anos de histórias e de vidas inteiras que se misturam à sua

Jandira Coluna

Por: Adriana Biazoli  – 07/12/2025

Querida Jandira,

Foi aqui.
Justamente aqui, nesta cidade,
que vivi meus maiores e meus piores momentos.
E, no balanço sincero da vida,
valeu, e tem valido,  a pena.

Aqui morou minha infância inocente,
na chácara dos avós,
embalada pelos cuidados da avó materna, dona Edwirges,
e pelo carinho do vô Germano.
As ruas de terra,
o cheiro da chuva recém-caída,
a água da mina,
o espaço livre para correr sem medo.

E a comida no fogão de lenha…
ah, a comida!
Barriga cheia, corpo entregue,
olhos no céu, conversando com as nuvens.

Cresci.
Ainda solteira,
com uma filha pequena nos braços,
voltei para Jandira,
para pagar aluguel, para recomeçar.

Depois, veio a conquista do meu pedaço de chão.
Bem aqui.
Aqui mesmo.

Vieram também os embates da política,
as ameaças,
a fuga na madrugada,
as ideologias em choque
e o preço alto a se pagar:
humilhações, lágrimas, perseguições, algumas que ainda persistem.

Mas havia a voz.
A voz tímida,
da menina de baixa autoestima,
que descobriu seu valor ao falar com o coração.
Vieram os desafios,
os dedos apontados,
as costas viradas…
e, ainda assim, mãos estendidas.

O rádio, o palco, a TV.
Os CDs gravados,


A contação de histórias e a Cultura, 
levando esperança e vida
a quem pensava em desistir.

Minhas orações,
minha fé no Paizinho querido.
Joelhos no chão,
olhos erguidos,
pedindo força para continuar.

Eu amo você, Jandira.
Não pelas pessoas que me odiaram sem me conhecer,
mas pelas milhares que me acolheram.
Pelas que acreditaram,
pelas que me estenderam a mão.

Pelos filhos amados.
Pelos tantos filhos que adotei pelo caminho.

É verdade:
aqui eu quase desisti da vida.
Mas entre rir e chorar,
escolhi sorrir e lutar.

Vendi cachorro-quente,
limpei banheiro,
fiz o bem,
fui palhaça,
fui Papai Noel.

Cresci espiritualmente.
Dei força ao desanimado,
encorajei quem havia perdido a esperança.

Usei os talentos que Deus me confiou
não para crescer diante dos homens, 
que pouco ou quase nada sabem de mim ,
mas diante Dele.

Jandira, parabéns pelos seus 62 anos.
Sofremos, é verdade,
mas seguimos em pé.

Por nós.
Pela nossa história.
E, acima de tudo,
pelos nossos filhos.

Sobre a autora:
Adriana Biazoli

Adriana Biazoli é jornalista, escritora, contadora de histórias e apaixonada pela arte de comunicar. Com sensibilidade e escuta atenta, transforma encontros e vivências em narrativas que tocam o coração. Avó de três , sendo uma; criança autista, escreve para informar, acolher e inspirar.

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