Quantas vidas cabem em um gesto de amor?
No Brasil, milhares de pessoas vivem a espera de um milagre — um órgão, uma nova chance, um novo fôlego. Essa espera, no entanto, não deveria ser solitária ou silenciosa. Ela precisa ecoar em nossos corações como um convite à solidariedade e à consciência coletiva.
Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 60 mil pessoas aguardam por um transplante no Brasil. A maior parte delas depende do Sistema Único de Saúde (SUS), que é responsável por 95% dos transplantes realizados no país — um feito extraordinário, que só é possível graças à existência de um sistema público universal, gratuito e, acima de tudo, humano.
É verdade, o SUS não é perfeito. Enfrenta desafios estruturais, filas longas, carência de profissionais e recursos em muitos lugares. Mas ainda assim, é considerado referência internacional em transplantes de órgãos, sendo observado e admirado por outros países que reconhecem a ousadia e a potência de um sistema que salva vidas sem cobrar por isso.
Mas ainda enfrentamos um grande desafio: a negativa das famílias. Muitas vezes, mesmo quando a pessoa é doadora, a família, sem saber da sua vontade, recusa. Por isso, é fundamental conversar sobre esse desejo em vida. Dizer “sim” à doação de órgãos é dizer “sim” à vida, mesmo após a nossa partida.
Por que ser doador — e como garantir que sua vontade seja respeitada?
Porque a vida não termina em nós. Porque nosso corpo pode florescer em outros. Porque, mesmo na despedida, podemos ser semente de esperança.
No Brasil, a doação de órgãos só acontece com o consentimento familiar. Por isso, é essencial deixar claro, em vida, o desejo de ser doador. Fale com quem você ama. Escreva. Registre. Deixe sua vontade impressa em palavras, em conversas e, se possível, em documentos.
Um simples bilhete, uma anotação, um cartão de doador simbólico — tudo pode fazer diferença. Porque, na hora da dor, a dúvida pode ser um peso, mas a certeza é um alívio. E sua família poderá cumprir seu último desejo com amor e tranquilidade.
Uma nova vida dada com amor
Histórias reais nos ajudam a compreender o tamanho desse gesto. Como a da pequena Ana Luísa, de 9 anos, que recebeu um novo coração depois de 8 meses na fila do transplante. Hoje, ela corre pelos corredores da escola como qualquer criança de sua idade. Ou do seu João, um senhor de 62 anos, que ganhou um novo rim e com ele, a possibilidade de ver a neta crescer. Histórias assim não são milagre divino apenas. São fruto da generosidade humana — de alguém que um dia disse: “quero doar”.
O SUS salva vidas — e todos nós fazemos parte disso
Mesmo com todas as dificuldades, o SUS é símbolo de um Brasil que acredita na saúde como direito e não como privilégio. E no que diz respeito à doação de órgãos, é uma vitrine para o mundo. O que falta, muitas vezes, é informação, empatia e um pouco mais de coragem para encarar esse tema com amor.
Porque doar é isso: um ato de coragem amorosa.
E o seu “sim” pode ser o começo de uma nova história para alguém.
Abaixo um modelo especial para você levar consigo
Sobre a autora

Adriana Biazoli é jornalista, escritora, contadora de histórias e apaixonada pela arte de comunicar. Já atuou como radialista, apresentadora de TV e mestra de cerimônias, mas é entre crianças, festas e histórias que encontra sua verdadeira paixão. Com olhar sensível e escuta atenta, transforma encontros do cotidiano em narrativas que tocam o coração. Seu propósito é ensinar pessoas a se comunicar bem — com palavras, com presença e com afeto.
Instagram: @adriansabiazoli
Email: biazoliadriana@gmail.com