Uma Vida em Três Atos: Do Mundo Corporativo à Transformação Cultural em Jandira

Jandira Cultura

Por trás de muitos projetos que movimentam a Cultura em Jandira, há histórias que nasceram longe dos palcos, mas que encontraram, aqui, o seu verdadeiro chamado. Entre elas está a história de um homem que aprendeu, desde cedo, a caminhar com disciplina e olhar curioso pelo mundo e que hoje, com fé, gratidão e propósito, semeia o que recebeu ao longo da vida: sabedoria, arte e transformação.

Filho de Alvaro Isaac e Helena Maria Seriacopi, Gledston nasceu em 25 de janeiro de 1958, em São Paulo, muito antes de imaginar que um dia faria de Jandira o seu lar definitivo. Primogênito de uma família simples, marcada pela força do trabalho e pelos valores herdados de suas raízes italianas e portuguesas, cresceu sob o olhar firme do pai e o coração generoso da mãe. Deles, aprendeu lições que carrega até hoje: honestidade, lealdade e a capacidade de perdoar.

O filho de  um serralheiro e de uma costureira, foi criado entre o ruído do ferro e a delicadeza dos tecidos, ele sempre soube equilibrar razão e sensibilidade. Ainda criança, sua brincadeira preferida era montar cenários com pecinhas de brinquedo e inventar histórias. Foi assim que, sem saber, começou a desenhar o caminho que mais tarde tomaria: o da criação, da educação e da escuta.

Na adolescência, já demonstrava uma postura madura e responsável. Aos 17 anos, começou a trabalhar para ajudar em casa e, pouco tempo depois, ingressou no curso de Tecnologia da Informação na Universidade Mackenzie. A conquista do diploma foi o primeiro marco de uma trajetória guiada pelo esforço e pela busca por conhecimento.

Casou-se jovem e, com o passar dos anos, tornou-se pai de dois filhos, que hoje já são adultos e seguem seus próprios caminhos. A paternidade foi uma escola à parte — e é com orgulho que ele fala sobre o amor, a responsabilidade e a inspiração mútua que os une.

Ao longo da vida, construiu não apenas uma carreira sólida, mas também uma família que é seu verdadeiro porto seguro.

“Sou casado com Sueli Fátima Zetek, de família húngara, uma pessoa que me deu muito trabalho para conquistá-la”, conta ele, com um sorriso de quem guarda boas histórias desse tempo. “Recebi de Deus quatro grandes presentes: minha filha Kathleen, educadora e neuropsicopedagoga, que hoje me ajuda nos projetos que invento; e meu filho Guillermo, designer gráfico, pós-graduado em Portugal e atualmente morando em Barcelona.”

O orgulho pelos filhos transborda. Kathleen o presenteou com duas netas: Daniela, de 18 anos, e Maria Eduarda,  a querida Dudinha, de 15. Já Guillermo, segundo ele, realizou um sonho que ficou guardado: “Ele foi mais corajoso do que eu. Fez o que eu deixei de fazer para formar minha família: desbravou o mundo e hoje é um apreciador do belo cultural, vivendo a experiência de morar fora do país.”

Em sua fala serena, com pausas entre uma lembrança e outra, ele compartilha que vive a vida em três ciclos distintos, como se fosse um espetáculo dividido em atos. Cada um com seus desafios, suas conquistas e seu papel na construção de quem ele é hoje: um produtor cultural comprometido em usar o talento que recebeu para tocar outras vidas.

Primeiro ciclo: o mundo corporativo e a construção da liderança

Graduado pela Universidade Mackenzie em 1981, sua primeira grande oportunidade veio de um professor prestes a se aposentar: tornar-se professor na própria instituição onde estudava. Esse convite marcou o início de uma carreira sólida na área de Tecnologia da Informação (TI).

Foram 28 anos de dedicação em grandes empresas, onde desenvolveu um olhar estratégico e humano sobre a liderança. Destacam-se três experiências transformadoras:

Levi’s (Levi Strauss do Brasil) – Onde permaneceu por 10 anos e se tornou gerente de suporte técnico, integrando o grupo de planejamento estratégico da empresa.

Electrolux – Uma experiência de imersão em uma cultura europeia que ampliou suas referências.

Leite Paulista (Cooperativa Central de Laticínios de São Paulo) – Onde encerrou esse primeiro ciclo profissional.

“Meu maior aprendizado nessa fase foi o relacionamento com as pessoas. Aprendi a identificar o talento individual de cada um e a entender como entregar o melhor resultado possível com os recursos que tínhamos.”

Segundo ciclo: o empreendedorismo e o nascimento da Central Filmes

A virada aconteceu em 2002, quando decidiu empreender. Nascia ali a Central Filmes, uma produtora de vídeos que abriu portas para o mundo da comunicação.

“Foi quando percebi que o diferencial mais importante não era o meu, mas o dos meus clientes. Minha missão era fazer com que o público enxergasse esse valor.”

Dois projetos de destaque marcaram essa fase:

“Caixa de Brinquedos”, um programa infantil patrocinado pela Ri Happy, exibido na TV Record. A ideia deu tão certo que inspirou o nascimento da própria TV Ri Happy.

“MotoShow”, o primeiro programa dedicado ao universo das motos na TV aberta brasileira, exibido pela Band e posteriormente pela Gazeta.

Esses projetos ensinaram sobre conteúdo, linguagem e, principalmente, impacto social.

Terceiro ciclo: o mergulho na Cultura de Jandira

Em 2014, começa o ciclo que ele chama de “ciclo de legado”.

Participou da produção do jornal Folhetim, com foco em cultura local, e foi contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura, com o projeto do primeiro livro de História de Jandira voltado para crianças, no formato de história em quadrinhos.

“Queria que as crianças da cidade conhecessem e valorizassem a própria história.”

A obra foi adotada pela Secretaria de Educação em 2015, chegando a milhares de alunos da rede municipal. Para fortalecer o impacto, lançou o desafio: “Como melhorar a rua onde moro?”, recebendo mais de 900 redações de crianças entre 7 e 10 anos.

O resultado foi emocionante: crianças pensando soluções para seus bairros, suas ruas e sua cidade.

Uma das histórias que ele guarda no coração é a da pequena Marcela, uma aluna de 7 anos que, por meio desse projeto, ganhou uma bolsa de estudos e mudou o rumo de sua vida escolar.

“A Cultura transforma vidas. Ver isso acontecendo diante dos meus olhos é meu maior salário.”

Capacitação e impacto social

Além de criar seus próprios projetos, o produtor também passou a ajudar outros artistas a elaborar propostas para editais culturais. Ministrou formações na Secretaria de Cultura e tornou-se um elo entre os artistas locais e as políticas públicas de fomento.

“O maior desafio que vejo hoje é que muitos artistas ainda escrevem projetos apenas para atender à sua própria vontade artística. Precisamos olhar para o público: o projeto vai transformar a vida de quem? Vai chegar aonde? Vai tocar quem?”

Com formação adicional em Storytelling, feita em 2016 com base na metodologia de Robert McKee (mestre de Harvard), ampliou sua capacidade de conectar narrativas a propósitos sociais.

Entre seus principais projetos estão:

2014/2015: Livro HQ – História de Jandira

2017: Pocket Book – Ensinando a Arte de Escrever

2018: Revista ConETECtados

2019: Revista HQ sobre Bullying

2020: Revista – Convivência e Ética

2021: Projeto Sorriso Feliz

2024: Audiovisual – “Vamos Passear em Jandira?”

Sempre com uma tiragem média de 7.500 exemplares por edição, chegando a famílias, escolas e instituições.

Superação pessoal e a redescoberta da fé

Nem tudo foi fácil. Em 2020, durante a pandemia, enfrentou um tumor benigno, passando por 20 sessões de radioterapia em meio ao medo da Covid.

“Foi um período muito difícil. A pandemia, o isolamento, a incerteza… Mas tudo isso me fez valorizar ainda mais a vida e a fé.”

Hoje, dedica parte dos seus dias ao estudo da Bíblia, reforçando um sentimento que sempre esteve presente: o compromisso com um propósito maior.

Sonhos para o futuro

Agora, vive um novo projeto de vida: a construção da Escola “Lar que Educa”, com o sonho de levar educação e cultura aos jovens do ensino médio da rede pública.

“Quero que esses jovens tenham acesso a conteúdos que os ajudem a descobrir seu valor, seu talento, e que eles enxerguem um futuro possível.”

Mensagem final para as novas gerações de artistas

“Minha mensagem para as futuras gerações de artistas é que se sintam felizes ao transbordar o talento que receberam de Deus. O talento não é só para você. Foi dado para levar instrução, alegria e prazer aos outros. Ao fazer isso, você também faz Deus feliz. E para quem ainda não descobriu seu talento, busque o autoconhecimento. Observe como o seu coração reage a cada nova experiência. Comece a desenvolver apenas aquilo que faz sentido para você. Quem sabe, nesse processo, você encontre o propósito da sua vida. E, então, ela passará a fazer todo o sentido de ser vivida.”

Gledston Seriacopi carrega nos passos de hoje os aprendizados de outrora , do tempo em que o judô lhe ensinou que cair é parte do caminho, mas levantar é a verdadeira arte. Com leveza e coração atento, segue escrevendo sua história, desejando que o outro tropece menos e encontre, no caminho, mais suavidade.Por trás de muitos projetos que movimentam a Cultura em Jandira, há histórias que nasceram longe dos palcos, mas que encontraram, aqui, o seu verdadeiro chamado. Entre elas está a história de um homem que aprendeu, desde cedo, a caminhar com disciplina e olhar curioso pelo mundo e que hoje, com fé, gratidão e propósito, semeia o que recebeu ao longo da vida: sabedoria, arte e transformação.

📸 Instagram: @larqueeduca
📧 E-mail: gledston@larqueeduca.com.br
📱 Celular: (11) 99906-9119

Texto: Adriana Biazoli

Redação Nossa Oeste 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *