A jornalista e escritora Miriam Leitão foi eleita no dia 25 de abril de 2025 para ocupar a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o jurista e acadêmico Joaquim Falcão. A conquista marca um momento histórico para o jornalismo brasileiro, reconhecendo uma carreira pautada pela ética, profundidade analítica e compromisso com a democracia.
Natural de Caratinga, em Minas Gerais, Miriam começou sua carreira no Espírito Santo e, ao longo das décadas, consolidou-se como uma das vozes mais respeitadas da imprensa nacional. Atuou em veículos como Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, Veja, O Estado de S. Paulo e, principalmente, nas Organizações Globo — onde brilhou como colunista, comentarista e apresentadora nos jornais O Globo, CBN, GloboNews e Rede Globo.
Especialista em economia, Miriam foi uma das primeiras mulheres a ocupar um espaço fixo para análise econômica na televisão brasileira. Sua capacidade de traduzir temas complexos em uma linguagem acessível fez dela uma referência para gerações de leitores e telespectadores.
Durante a ditadura militar, foi presa e torturada grávida, em 1972, por sua militância política. Essa experiência traumática marcou profundamente sua visão de mundo, tornando-a uma defensora intransigente da liberdade de expressão e dos direitos humanos.
Além da trajetória jornalística, Miriam também tem importante produção literária. Em 2012, venceu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção com “Saga Brasileira: A longa luta de um povo por sua moeda”. Escreveu também obras voltadas ao público infantojuvenil e, mais recentemente, se destacou com o livro “Amazônia na Encruzilhada”, que lhe rendeu o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano em 2024, concedido pela União Brasileira de Escritores.
A eleição para a ABL se dá por voto secreto entre os membros da instituição, sempre que uma das 40 cadeiras fica vaga. Os candidatos devem ser brasileiros natos com obra publicada de mérito reconhecido. Com sua eleição, Miriam Leitão torna-se uma das poucas jornalistas a ingressar na ABL, reforçando a relevância do jornalismo como ferramenta de pensamento crítico e construção cultural.
Sua entrada para a ABL não é apenas um reconhecimento individual, mas um marco para o país: valoriza o jornalismo como literatura do presente e consagra uma voz que, há décadas, atua com coragem, lucidez e sensibilidade.
Redação