Será que querem nos calar? O que as ameaças às deputadas de São Paulo revelam sobre o lugar da mulher na política

Acontece Coluna

Todas as deputadas estaduais de São Paulo receberam ameaças por e-mail. Todas. Um ataque coordenado, frio, covarde. Mas por quê? O que está por trás dessa tentativa de intimidação? Seria essa mais uma forma de tentar nos calar? De barrar os passos que, a duras penas, estamos conseguindo dar?

A política brasileira ainda é um ambiente majoritariamente masculino. Um cenário historicamente construído para excluir, silenciar, afastar. Não é simples encontrar mulheres que queiram entrar para esse universo e quando entram, enfrentam um campo minado de preconceitos, interrupções, julgamentos e violências, principalmente verbais, mas não só.

Ser mulher na política é saber que, muitas vezes, sua fala será ignorada ou interrompida. Que sua aparência será comentada antes de seu projeto. Que sua firmeza será lida como histeria. Que seu conhecimento será testado de forma hostil. É estar em constante resistência. E por ser minoria, essas mulheres são alvo fácil  e seguem resistindo.

Essas ameaças não são apenas um alerta. São um reflexo do medo que alguns sentem ao ver mulheres se fortalecendo, ocupando espaços de poder, propondo mudanças, quebrando ciclos. Porque toda vez que uma mulher se levanta e fala, ela transforma o ambiente ao seu redor. E isso incomoda. Assusta. Desestabiliza estruturas que por muito tempo contaram com a nossa ausência.

Mas mesmo diante do medo, seguimos. Porque a democracia não é plena sem a nossa voz. E porque sabemos que cada mulher que entra na política abre caminho para outras. Representa as dores, as lutas e as esperanças de tantas que nunca foram ouvidas.

Não, não vamos nos calar. Não vamos recuar. A política precisa de mais mulheres não apenas por uma questão de representatividade, mas por uma questão de justiça, de equilíbrio, de humanidade.

Que este episódio sirva de reflexão, mas também de mobilização. Que mais mulheres tenham coragem de ocupar o lugar que é seu por direito. Que saibam que não estão sozinhas. E que juntas, podemos transformar o cenário  mesmo que ele ainda tente nos expulsar.

Foto Alesp – arquivo

Sobre a Colunista 

Adriana Biazoli

Adriana Biazoli é jornalista, escritora, contadora de histórias e apaixonada pela arte de comunicar. Já atuou como radialista, apresentadora de TV e mestra de cerimônias, mas é entre crianças, festas e histórias que encontra sua verdadeira paixão. Com olhar sensível e escuta atenta, transforma encontros do cotidiano em narrativas que tocam o coração. Seu propósito é ensinar pessoas a se comunicar bem  com palavras, com presença e com afeto.

Instagram: @adriansabiazoli

Email: biazoliadriana@gmail.com

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