Assédio moral: uma violência silenciosa

Acontece Coluna

 

Adriana Biazoli

A falta de humanidade de pessoas sem qualificação ética para ocupar cargos de chefia e que promovem o assédio moral, seja individual ou coletivo, impõe um adoecimento emocional e físico aos trabalhadores.

O trabalhador tem um papel fundamental na sociedade. Todo trabalho é digno de respeito, seja braçal ou intelectual. Ao ler artigos e ouvir os poucos podcasts sobre o tema, refleti sobre como os espaços urbanos foram historicamente planejados para excluir certas classes. Condomínios de luxo e bairros nobres não foram projetados para acolher trabalhadores essenciais. Esse é um tipo de assédio moral normalizado ao longo do tempo.

Um exemplo clássico é Brasília de Niemeyer. Quando a cidade saiu do papel, trabalhadores de todo o país foram alojados em locais precários, sem condições mínimas de dignidade. Depois da construção concluída, a cidade foi ocupada por pessoas de maior poder aquisitivo. Os arquitetos e gestores não planejaram facilidades para os trabalhadores braçais, motoristas, jardineiros, domésticas e babás, embora seus serviços fossem indispensáveis.

O assédio moral também está presente na falta de respeito cotidiano com trabalhadores. Alojamentos insalubres para operários da construção civil, quartos minúsculos e sem ventilação destinados às empregadas domésticas, jornadas exaustivas e a ausência de direitos básicos são exemplos claros dessa violência.

Vivemos em uma sociedade onde o valor de uma pessoa é frequentemente medido pelo saldo bancário. Esse modelo desumano impõe dor e submete homens e mulheres a situações humilhantes, pois o medo de perder o sustento os impede de reagir.

Muitos enfrentam perseguições no trabalho por motivos pessoais, sofrem antecipadamente antes de ir ao trabalho e desejam dar um basta, mas se calam por medo de não conseguir sustentar suas famílias. Alguns se rebelam e pedem demissão; outros se submetem até o extremo.

O assédio moral é uma forma de violência psicológica no ambiente profissional. Ele se manifesta por meio de atitudes que humilham, constrangem ou intimidam o trabalhador. Pode ser praticado por superiores, colegas ou até subordinados. Seus efeitos podem ser devastadores, levando à depressão, ansiedade, doenças físicas e até mesmo ao suicídio.

💡 Como identificar o assédio moral?
✔️ Críticas constantes e injustificadas
✔️ Humilhações públicas ou privadas
✔️ Isolamento social ou exclusão
✔️ Ameaças ou intimidações

💡 Como denunciar?
🔹 Reúna provas: e-mails, mensagens, testemunhas
🔹 Relate o ocorrido com detalhes específicos
🔹 Busque apoio jurídico e psicológico

Lembro-me de um caso em um banco onde trabalhei. Uma colega sofreu assédio moral porque sua chefe não gostava dela por questões pessoais. A profissional havia sido transferida para um setor com melhores rendimentos, mas a chefe, contrariada, passou a humilhá-la constantemente. Ela foi isolada e tudo lhe era negado. Nós, colegas, tentávamos apoiá-la secretamente, mas o sofrimento foi tanto que ela pediu demissão, recusando até uma transferência.

Com o tempo, vimos sua alegria se apagar. Anos depois, percebi que todas nós fomos coniventes com um assédio moral coletivo.

❌ Não seja omisso!
Se testemunhar um chefe praticando assédio, denuncie! A luta por um ambiente de trabalho saudável é responsabilidade de todos.

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