A noite da última sexta-feira (21), no Espaço Biguá de Jandira, não foi apenas uma formatura, foi a consagração de mulheres que decidiram acreditar no próprio talento. Ali, sob a luz dos refletores e o olhar emocionado de familiares e amigos, as alunas do projeto “Entre Tranças e Origens” mostraram ao público a força de quem decidiu não desistir dos próprios sonhos.
Durante quatro meses, cada uma delas atravessou descobertas, medos, risos, tentativas e recomeços. E, fio a fio, trançaram também autoestima, pertencimento e coragem. O momento final, a apresentação dos penteados em modelos escolhidos por elas, foi o reflexo de um caminho trilhado com dedicação, cuidado e sensibilidade.

Elas brilharam: as mãos que transformam
Na passarela, entraram filhos, netos, sobrinhos, amigos próximos. Entraram histórias. Entrou o orgulho de ver o que as alunas foram capazes de construir.
Cada técnica apresentada, Nagô, Boxeadora, Gipsy Braids, Knotless, trança enraizada com jumbo, carregava mais que estética. Carregava o esforço de semanas, o treino silencioso em casa, o olhar de quem dizia para si mesma:
E conseguiram.
O brilho nos olhos delas iluminou o espaço de um jeito único. Era possível sentir o poder de cada conquista, o peso leve da superação e a alegria de saber que agora possuem uma profissão, uma arte e uma herança cultural nas mãos.

A professora que acreditou nelas desde o início
Se as alunas são protagonistas, e são, havia também uma presença essencial nessa jornada.
Daniella Rodrigues, trancista há 12 anos, empreendedora e educadora, enxergou em cada estudante um potencial que muitas ainda não sabiam que tinham.
Daniella ensina como quem acolhe e acolhe como quem sabe que ensinar é plantar confiança. Foi ela quem celebrou cada avanço, quem incentivou os primeiros passos e quem lembrou, sempre que necessário, que elas são fortes, capazes e talentosas.
O momento dos certificados

A entrega dos certificados, ao lado do secretário de Cultura Rodrigo Moura e da diretora de Cultura Paula Teck, foi marcada por emoção. Uma a uma, as alunas subiram ao palco recebendo aplausos calorosos.
Daniella, ao entregar cada certificado, transmitia no olhar a certeza de que a arte que as acompanha agora também pertence a elas.
Era mais que uma conclusão de curso: era o começo de uma nova etapa.

O curso
O projeto “Entre Tranças e Origens” é fruto do Edital nº 02/2025/SMCT, com patrocínio do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura e apoio da Prefeitura de Jandira, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e do Conselho Municipal de Política Cultural.
Com aulas gratuitas, turmas de 8 alunas e encontros semanais, a formação ofereceu base técnica e humana para quem deseja atuar na área. As aulas ocorreram no CRAS Figueirão e no Espaço Cultural Biguá, com idade mínima de 14 anos para participação.

Trançar é resgatar: a herança que agora vive em cada aluna
As tranças fazem parte de uma história muito maior. Foram, por séculos, forma de comunicação, identidade e resistência entre povos africanos. Foram mapas. Foram marca. Foram sobrevivência.
Hoje, seguem sendo tudo isso, e agora fazem parte da vida de cada aluna que concluiu o curso.
Porque trançar é unir. É resgatar. É transformar.
E, em Jandira, foram elas, as alunas, que mostraram ao mundo o poder dessa tradição.
Uma trança por vez.

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