Uma nova esperança nasce para milhões de pessoas que convivem com limitações causadas por lesões na medula espinhal. Pesquisadores brasileiros apresentaram nesta terça-feira (9) a polilaminina, um medicamento inovador desenvolvido a partir de uma proteína extraída da placenta. O tratamento surge como promessa para restaurar lesões medulares, possibilitando a recuperação parcial ou até total dos movimentos.
O estudo experimental foi conduzido pelo Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em parceria com o laboratório farmacêutico Cristália. À frente da pesquisa está a bióloga Tatiana Coelho Sampaio, que destaca o potencial da nova abordagem em relação às terapias já conhecidas:
“É uma alternativa mais acessível e segura do que as células-tronco. Nossos estudos estão em estágio mais avançado, pois as células-tronco possuem imprevisibilidade após a aplicação.”
Resultados experimentais animadores
A fase inicial dos testes contou com oito pacientes que receberam o medicamento aplicado diretamente na coluna. Entre eles, um jovem de 31 anos, vítima de acidente de trânsito, e uma mulher de 27 anos, lesionada após uma queda. Ambos apresentaram recuperação total ou parcial dos movimentos — um avanço significativo diante das poucas alternativas disponíveis atualmente.
Os experimentos também foram realizados em animais. Em cães com a medula rompida, a polilaminina permitiu o restabelecimento completo das funções. Já em ratos de laboratório, os resultados apareceram de forma surpreendente: em apenas um dia foi possível observar efeitos positivos.
Avanço para a ciência e para a saúde pública
Embora ainda esteja em fase experimental, a descoberta é considerada um marco para a ciência nacional e pode colocar o Brasil na vanguarda de tratamentos neurológicos. Além do impacto médico, o desenvolvimento da polilaminina pode significar também acessibilidade econômica, já que o tratamento promete ser menos oneroso que terapias baseadas em células-tronco, hoje limitadas e de difícil aplicação em larga escala.
Especialistas ressaltam que novos estudos clínicos são necessários para comprovar a eficácia em diferentes perfis de pacientes e garantir a segurança do medicamento antes de sua disponibilização no sistema de saúde. Ainda assim, o avanço desperta otimismo em pacientes, familiares e médicos que há décadas aguardam uma solução eficaz para as sequelas de lesões medulares.
Um futuro de possibilidades
As descobertas científicas costumam percorrer um caminho longo até se tornarem realidade para toda a população. No entanto, cada passo dado em direção a tratamentos mais seguros e acessíveis amplia as perspectivas de reabilitação e qualidade de vida. A polilaminina, nascida da pesquisa nacional, representa mais do que um avanço biomédico: é um sinal de esperança de que a ciência pode, de fato, devolver movimentos, autonomia e dignidade a quem acreditava ter perdido para sempre.
Artigo: Nossa Oeste , com informações: Metrópoles