Um evento que parecia ser apenas um encontro festivo entre motociclistas, o chamado “rolêzinho de Natal”, terminou com apreensões, multas e repercussão negativa em Cuiabá, Mato Grosso do Sul. O encontro reuniu cerca de 250 motos, mas o desfecho expôs uma prática perigosa e prejudicial, com graves consequências sociais, jurídicas e de segurança pública.
Comportamento Irresponsável no Trânsito
De acordo com a Polícia Militar, o evento foi marcado por atitudes imprudentes, como manobras perigosas, motos adulteradas e comportamento agressivo no trânsito. Durante a ação policial, 15 motocicletas foram apreendidas, e impressionantes 155 multas foram aplicadas. Uma das motos apreendidas havia sido roubada, destacando o envolvimento de práticas ilícitas no evento.
Além disso, muitos participantes removiam as placas das motos, um ato classificado como infração gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que prevê multa de R$ 293,47, sete pontos na carteira de habilitação e a apreensão do veículo. Outra prática comum foi o uso de escapamentos abertos para produzir barulho excessivo, um incômodo para a população e também uma infração punível com multa e retenção do veículo.
O Impacto na População Mais Vulnerável
As consequências desse tipo de comportamento vão além das infrações e apreensões. O barulho ensurdecedor gerado por escapamentos abertos e manobras irresponsáveis atinge de forma mais intensa as populações mais vulneráveis, como idosos, bebês e crianças no espectro autista, que podem sofrer crises de ansiedade ou sensoriais devido ao som intenso e constante.
Para famílias que convivem com pessoas com hipersensibilidade auditiva, como aquelas no espectro autista, o ruído pode ser uma forma de agressão indireta, causando sofrimento físico e emocional. Além disso, idosos, que muitas vezes já possuem a saúde fragilizada, enfrentam desconforto e até mesmo agravamento de problemas cardíacos devido ao estresse provocado pelo barulho.
A poluição sonora é um fator que afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas e pode ser considerada uma agressão à saúde pública, ampliando ainda mais o impacto negativo desses eventos.
Adoção de Medidas Severas pela Polícia
A operação policial foi necessária após reclamações de populares, que relataram o barulho intenso e o incômodo gerado pelo grupo. Para dispersar os motociclistas que tentavam fugir, a PM precisou usar spray de pimenta e armas de impacto controlado. Algumas motos abandonadas pelos participantes foram apreendidas posteriormente.
Nos comentários nas redes sociais, a população expressou apoio à ação policial, mencionando o desconforto gerado por escapamentos abertos, que contribuem para a poluição sonora e afetam diretamente o bem-estar coletivo.
Consequências Judiciais e Previsões do Código de Trânsito Brasileiro
Os comportamentos registrados no “rolêzinho de Natal” têm consequências severas:
- Cobrir ou remover placas de identificação: Ato considerado infração gravíssima, com multa e apreensão. Em casos reincidentes, pode haver suspensão da carteira de habilitação.
- Empinar motos em vias públicas: Classificado como direção perigosa, essa prática pode levar à multa, suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo.
- Uso de motos roubadas ou adulteradas: Além de ser crime, conforme o artigo 180 do Código Penal, os envolvidos podem enfrentar pena de reclusão de um a quatro anos e multa.
- Barulho excessivo: Infração que desrespeita normas ambientais e de trânsito, sendo passível de multa e retenção do veículo até que esteja em conformidade.
O Impacto Social e a Necessidade de Consciência
Eventos como o “rolêzinho de Natal” não apenas colocam em risco a vida dos motociclistas e pedestres, mas também prejudicam a convivência urbana. A poluição sonora gerada, além de ser irritante, é uma agressão ao bem-estar de crianças, idosos e pessoas com condições específicas, como o espectro autista.
Esse episódio é um lembrete da importância de campanhas de conscientização no trânsito, promovendo o respeito às leis e à segurança de todos. A imprudência de poucos não pode colocar em risco a tranquilidade e a integridade de muitos, especialmente dos mais vulneráveis, que têm o direito à paz e ao bem-estar em suas comunidades.
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Redação Nossa Oeste